segunda-feira, outubro 31, 2005

Um Momento de Poesia


Descobri que fez este mês, mais um ano sobre a morte de Manuel Bandeira... Aqui fica um dos poemas deste brasileiro de Recife-Pernambuco


Renúncia

Chora de manso e no íntimo procura
Curtir sem queixa, o mal que te crucia:
O mundo é sem piedade e até riria
Da tua inconsolável amargura.
Só a dor enobrece e é grande e é pura.
Aprende a amá-la que a amarás um dia
Então ela será tua alegria,
E será, ela só, tua ventura...
A vida é vã como a sombra que passa...
Sofre sereno e de alma sobranceira,
Sem um grito sequer, tua desgraça.
Encerra em ti tua tristeza inteira.
E pede humildemente a Deus que a faça
Tua doce e constante companheira...

Desnudos

Belos e frágeis... feitos em açucar... Doces como o natural...





































Halloween



















Vocês já ouviram falar "eu não creio nas bruxas, mas que elas existem, existem "!!! ...

sábado, outubro 29, 2005


Levantei com aquele sensação de não fazer nada… e não fiz nada… trinta voltas ao pc, procurando músicas, poemas, trocando umas palavras aqui e ali… e não fiz nada… O tempo esse não ajuda…um dia cinzento… Aquele tempo que nos faz agarrar uma manta de quadrados, que nos faz pegar num incenso… numa vela… e nos faz sonhar… a chuva cai lá fora, cai certa empurrada pelo vento que teima bater nos vidros…sensação boa de ouvir... o incenso de sândalo perfumando… uma vela acesa… e eu… ao fundo uma música… “momento” de Pedro Abrunhosa… O meu momento… Pode parecer estranho, mas eu gosto de estar só… Gosto dos meus momentos de solidão, porque não me são impostos… Sou eu que os escolho, que sei como e quando os quero… E hoje quero… Hoje apetece-me estar só… Eu… a vela… o incenso… a música… Vou jantar… Só…

O Di e a sua Educadora












Um texto da Educadora

Quarta-feira. Saio mais cedo, o Di não apareceu. Ontem tinha umas manchinhas estranhas na pele. Fiquei apreensiva e desejosa de chegar a casa para poder telefonar a saber o que se passava.
Bolas! Não encontro o número!
Telefono para a equipa. Daí a pouco chega uma chamada: Vai para o Hospital, o Di foi internado.
Por momentos entrei em pânico… Voltei atrás vários meses. Não era a primeira vez que recebia uma chamada daquelas. Rapidamente pus pernas ao caminho e a minha cabeça dava voltas e mais voltas com as recordações dolorosas. Tinha exactamente 10 minutos para me recompor e acalmar, afinal ia para dar apoio e não para receber.
Chego à Pediatria e dizem-me: Por aqui? Quem tens cá desta vez?
Respondo: O Di, entrou á pouco.
Ah! Está lá ao fundo.
Passo pela sala de enfermagem, espreito. Bem, menos mal é a J. que está de serviço.
A J. vê-me. Aqui? Ó rapariga quem é agora?
O Di… Ela percebe a minha angústia e diz-me: Calma, não é grave. Desidratou porque não bebe nem come, para já é uma estomatite aftosa.
Respondo-lhe: J., o ano passado sabes como foi… Entraram dois e não saíram mais…
Tem calma, este não é grave, vá vai lá que a mãe está à tua espera.
Dirijo-me ao quarto do Di sem olhar para os outros quartos e berços. As lembranças não me largam…
Chego ao pé do Di e da mãe. Estava com soro, rabugentinho e a choramingar. A mãe estava completamente prostrada, com um olhar distante e vazio.
Como conheço aquele olhar… Pensei para mim.
Falo com o Di digo-lhe que tinha estado à espera dele com a bola e a mala das ferramentas, tento brincar com ele. Mas dele só sai: Uti, nam, dói.
Dois sentimentos vieram ao de cima: Surpresa e dor. O Di disse o meu nome! Mas estava mesmo muito queixoso. A mãe só dizia: Não consigo que coma nem beba…
Calma, disse-lhe, vamos tentar.
Tiro o Di da cama, ponho-o no meu colinho e deixo-o brincar com o meu telemóvel (adora). Depois aos poucos, meio distraído, lá vai bebendo uns golitos de água. Vou conversando com a mãe, tentando perceber até aonde vai a sua angústia. Um ano antes tinha perdido ali mesmo uma filha com uma sepsis.
Vou-lhe explicando que o que o Di tinha não era nada disso, que estava tudo controlado, que ia correr tudo bem. Entretanto o Di adormece e a mãe acalma. Despeço-me e telefono para a equipa que está em stand-by.
Saio mais aliviada, o Di vai ficar bem. Consegui aparentar calma sem demonstrar os meus medos, dar apoio, fazer sentir que “estou cá”… Mas não consegui afastar as minhas lembranças dolorosas…




quinta-feira, outubro 27, 2005

Ser Poeta















A música e o poema mais lindo de todos os tempos....

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

terça-feira, outubro 25, 2005

Ainda a Amizade






















Ainda a respeito de Amizades, e vagueando pela net, encontrei este texto, do qual desconheço o autor, mas que ilustra bem o conceito de Amizade... Ideia e teorias pré-concebidas à parte, é exactamente este o meu pensar, o meu sentir...
"AMIGO É QUEM NOS AMA
Difícil querer definir amigo. Amigo é quem te dá um pedacinho do chão, quando é de terra firme que você precisa, ou um pedacinho do céu, se é o sonho que te faz falta.
Amigo é mais que ombro amigo, é mão estendida, mente aberta, coração pulsante, costas largas. É quem tentou e fez, e não tem o egoísmo de não querer compartilhar o que aprendeu. É aquele que cede e não espera retorno, porque sabe que o ato de compartilhar um instante qualquer contigo já o realimenta, satisfaz. É quem já sentiu ou um dia vai sentir o mesmo que você.
É a compreensão para o seu cansaço e a insatisfação para a sua reticência.É aquele que entende seu desejo de voar, de sumir devagar, a angústia pela compreensão dos acontecimentos, a sede pelo "por vir". É ao mesmo tempo espelho que te reflecte, e óleo derramado sobre suas águas agitadas. É quem fica enfurecido por enxergar seu erro, querer tanto o seu bem e saber que a perfeição é utopia. É o sol que seca suas lágrimas, é a polpa que adocica ainda mais seu sorriso.

Amigo é aquele que toca na sua ferida numa mesa de shoping, acompanha suas vitórias, faz piada amenizando problemas. É quem tem medo, dor, náusea, cólica, gozo, igualzinho a você. É quem sabe que viver é ter história para contar. É quem sorri para você sem motivo aparente,
é quem sofre com seu sofrimento, é o padrinho filosófico dos seus filhos.
É o achar daquilo que você nem sabia que buscava.

Amigo é aquele que te lê em cartas esperadas ou não, pequenos bilhetes em sala de aula, mensagens electrónicas emocionadas. É aquele que te ouve ao telefone mesmo quando a ligação é caótica, com o mesmo prazer e atenção que teria se tivesse olhando em seus olhos. Amigo é multimédia.

Olhos.... amigo é quem fala e ouve com o olhar, o seu e o dele em sintonia telepática. É aquele que percebe em seus olhos seus desejos, seus disfarces, alegria, medo. É aquele que aguarda pacientemente e se entusiasma quando vê surgir aquele tão esperado brilho no seu olhar, e é quem tem uma palavra sob medida quando estes mesmos olhos estão amplificando tristeza interior. É lua nova, é a estrela mais brilhante, é luz que se renova a cada instante, com múltiplas e inesperadas cores que cabem todas na sua íris.

Amigo é aquele que te diz "eu te amo" sem qualquer medo de má interpretação : amigo é quem te ama "e ponto". É verdade e razão, sonho e sentimento. Amigo é para sempre, mesmo que o sempre não exista."

Falar de Amizade... De Amigos/as...





















Falar de amizades, de sentires, e de como se fazem...
Quando conheço alguém, quase que sinto que podemos ser amigos/as... Não tenho por hábito não confiar, e confio sempre até ter motivos para não o fazer mais... Tal como no real, acontece aqui também, na net... criam-se laços... afectos... cria-se apenas... com paciência... com calma... e sem julgamentos...
Amigo/a é aquela pessoa que conversamos sem reservas... sem hora marcada... que sabe sabe dar o seu coração sem pedir nada em troca... e que quando precisa faz exactamente o mesmo, sem tempo... sem distancias a separar... O Amigo/a é aquela que pessoa que nos alerta dos perigos sem censurar as nossas decisões... que nos diz o que está correcto, mesmo que não seja o que gostaríamos de ouvir... Amigo/a sabe dar e sabe receber... Amigo/a não tira curso para o ser... Já nasce com essa nobreza de ser... A felicidade de um, é a felicidade do outro... A tristeza de um, é a tristeza do outro... Mas a Amizade é mais ainda... é dar... é crer... é incentivar... é aceitar... é defender... é respeitar... é perdoar... é Amar simplesmente... Sim, porque também se Ama na amizade...
Eu te Amo meu Amigo/a...

Melodia de Amizade


Pudera eu ter o dom de um poeta ou de um músico para poder colocar em verso e melodia o sentimento de uma amizade.
Amigo ocupa mais espaço do que somente o lado esquerdo do peito.Amigo é aquele com quem choro. É aquele com quem rio.É aquele com quem exploro riachos e cachoeiras dentro de mim.Amigo é um só. Não importa se tenho um ou cem.Cada um, em cada momento, é especial... é único, é vital.Amigo não se escolhe... Não se "pede" ninguém em amizade.Ela existe ou não... sem tempo pré determinado... Sem prazo para iniciar.
Amizade é sentimento... é afecto... amor... respeito... veracidade... troca... carinho... cumplicidade... é um beijo... um abraço...
Abrace um amigo hoje... mesmo que não seja o seu.
Abrace um estranho... Ele certamente é Amigo de alguém.
E você sabe o quanto ele é importante.

Vinicius de Morais

segunda-feira, outubro 24, 2005

Mães Coragem

Ao ler um artigo no DN de hoje encontei um artigo sobre mães coragem que passo a transcrever... e no encalço vou deixar também um texto que Alguém me enviou e que não deixa de ser também um acto de uma mãe coragem... Realidades diferentes, mas com sentires comuns...
"A vida das mães-coragem
Deserdada

No dia em que os pais descobriram que se dedicava à prostituição, Sílvia, chamemos-lhe assim, deixou de ser filha". Aos 24 anos, a jovem diz que entrou nesta vida porque "o dinheiro quase não dá para nada". Sílvia "sabia que não ia ser fácil, mas precisava de dinheiro para sustentar o filho", e procurou no trabalho sexual "uma vida desafogada". A jovem recorda o tempo em que o dinheiro não chegava para o dia -a-dia, mesmo com o horário na fábrica, e ainda as horas que dedicava a fazer "limpezas". "DN 24.10.05
"2 de Abril de 2004

Final de um dia de trabalhado. Estou a despir a bata e nisto aparece-me uma Mãe.
R. preciso de um favor seu…
Sim? O que se passa?
Sabe… Precisava de saber, se lá onde mora, há alguém que…que…que…, sabe…”desmanche”, mas que seja baratinho, percebe?
Percebi. Percebi o que implicava o ser “baratinho”. Percebi que a qualquer lado estava disposta a ir, sem saber em que condições, porque não podia vir mais um…
Sabia em que condições vivia. Sabia que a sua casa era uma pocilga. Sim, pocilga mesmo! Adaptada (o melhor que se pode), de uma só divisória com 2 adultos e 2 crianças a viverem lá. Sabia que o que comiam era o que a terra lhes dava. Sabia que muitas vezes iam todos para a cama com um copo de água no estômago “para enganar a fome”. Sabia que muitas das vezes em que lá fui me abria a porta mas sempre a dizer: “Tem que ser rápido antes que “ele” volte. Sabia que muitas vezes passava e repassava a roupa dos filhos para ver se ainda durava mais uns tempos… Sabia o que significavam as nódoas negras que tantas vezes trazia no corpo…
Disse-lhe: Não se preocupe, não sei mas vou saber. Tem quanto tempo?
Uma falta…
Vim para casa e fiquei a pensar…

7 de Abril de 2004

Vou a casa dela. Abre a porta e pergunto-lhe: Preparada?
Já? Não tenho o dinheiro…
Não se preocupe, tenho aqui o que é preciso e vamos ficar as duas, à espera.
Comprimidos? Pergunta-me com um olhar muito arregalado.
Estes vão fazer o que queremos, digo-lhe.
Preparamos tudo e ficamos à espera.
Vem as primeiras dores, depois as hemorragias. Pego-lhe na mão, faço-lhe umas festas e ela sorri-me… somos cúmplices, companheiras neste segredo…
Dias mais tarde fomos ao médico, estava tudo bem.
Depois fomos marcar consulta de planeamento familiar.

Ainda hoje me pergunto: E se não tivesse corrido tudo bem?

Nunca mais a vi. Mas todos os meses, ao sétimo dia, me envia uma sms a dizer: Nunca a esquecerei…" Alguém

Ainda Nostalgias...















Este Poema do Ladino merece estar, pela sua beleza e conteúdo, num lugar, que não a caixa de comentários...

NOSTALGIAS

...mesmo breves, quem as não tem?
Antigas, recentes e mal arrumadas.
Ahhh... as desalinhadas aqui estão
ainda nuas e cruas com condimentos,
falta o de tempo que as tempere.
Permanecem sobre areias e pedras
de um mar que beija uma ribeira
por onde desaguou uma barca
de duendes e soldados derrotados.
Lembras essas horas de batalha?
Era a guerra santa do sublime,
da fresca e calma brisa marinha
desaguando entre margens e cascos.
E lá fomos nós em barca de sonho
até sei lá onde por onde andámos
e nos perdemos num regresso
num mar agitado de espuma marinha,
de maresia e pedrinhas, multicores.
Quem nos calará senão o coração?
Quem proíbe que recordemos?
Que nos faz reviver cada Primavera?
Ninguém... porque ainda amamos,
Simplesmente a nostalgia...

sexta-feira, outubro 21, 2005

Ainda as minhas nostalgias...

Como ainda estou de férias, tenho feito uns passeios por essa grande Lisboa... Uma lisboa que eu conheço bem, uma Lisboa que faz parte de um passado... um passado onde me realizei profissionalmente, um empresa multinacional, com uma organização bem criada, bem formada... A casa-mãe era finlandesa, o seu director aqui em Portugal, um sueco, e por esta pequena amostra dá para perceber o ambiente que se vivia nessa empresa... Um dia, esta empresa foi vendida aos espanhois... A casa mãe não tinha dinheiro para nos continuar a sustentar por que o seu maior cliente, a União Soviética, se tinha desmembrado... Espanha à vista e a empresa foi caindo, caindo, apesar dos bons clientes que tinhamos, Soporcel e Portucel... mas não chegou... Os espanhois não souberam gerir, e na verdade pouco se importavam com o que se passava em Portugal... Para eles, eramos uma filialzita de beira de esquina... O resultado foi evidente... Engenheiros de várias nacionalidaes transferidos para outros países... os portugueses foram-se aguentado até cada um de nós ir saindo à vez... eu incluída... A porta na Av. Gago Coutinho, vulgo Av. do Aeroporto,acabou sendo fechada por um director de recursos humanos que nos últimos meses fazia e praticava todas as hierarquias (de porteiro a director geral)... Anos passados, e retornando à mesma avenida, me deu um nó na garganta, ao ver a moradia que foi a minha sede, a moradia onde trabalhei dias e noites a fio, completamente abandonada, cheia de tapais, como que insinuando que obras irão ser feitas... Não consegui de deixar escapar uma lágrima de saudade... e em menos de 5 minutos eu revivi os dois anos que lá trabalhei, arriscando a dizer que sem dúvida, foram os meus melhores anos de trabalho, de realização profisssional e pessoal...

quarta-feira, outubro 19, 2005

Setubal... Um Momento... Uma Nostalgia
























Momento

Uma espécie de céu
Um pedaço de mar
Uma mão que doeu
Um dia devagar
Um Domingo perfeito
Uma toalha no chão
Um caminho cansado
Um traço de avião
Uma sombra sozinha
Uma luz inquieta
Um desvio na rua
Uma voz de poeta
Uma garrafa vazia
Um cinzeiro apagado
Um hotel na esquina
Um sono acordado
Um secreto adeus
Um café a fechar
Um aviso na porta
Um bilhete no ar
Uma praça aberta
Uma rua perdida
Uma noite encantada
Para o resto da vida


Pedes-me um momento
Agarras as palavras
Escondes-te no tempo
Porque o tempo tem asas
Levas a cidade
Solta no cabelo
Perdes-te comigo
Porque o mundo é o momento

Uma estrada infinita
Um anuncio discreto
Uma curva fechada
Um poema deserto
Uma cidade distante
Um vestido molhado
Uma chuva divina
Um desejo apertado
Uma noite esquecida
Uma praia qualquer
Um suspiro escondido
Numa pele de mulher
Um encontro em segredo
Uma duna ancorada
Dois corpos despidos
Abraçados no nada
Uma estrela cadente
Um olhar que se afasta
Um choro escondido
Quando um beijo não basta
Um semáforo aberto
Um adeus para sempre
Uma ferida que dói
Não por fora, por dentro

Um mar... Uma praia...














A praia das Maçãs... Foi bom rever... Um passado...

sábado, outubro 15, 2005

Castigo? Onde?

É Sábado e eu continuo em férias... Mas a Tretas deu uma ajudinha à minha preguiça e mandou este texto...
Este tema há muito que o discuto. Uns dizem-me que castigo é “dar uma tarefa para fazer que se sabe que o outro não gosta de realizar”. Outros que é “dar uma palmada (pedagógica)”. Há quem ache que “dar um beijo” pode ser um castigo. Eu acho que é “ retirar algo.”
Hoje o meu pequenino veio com esta:
“Hoje atiraram-me com o estojo ao chão e deram-me um pontapé. A Professora castigou-os. Não vão ao recreio! Mas eu cá acho que o castigo devia ser irem ao quadro e escreverem uma palavra muito grandeeeeeeeeeeeee!” Perguntei-lhe porquê. Respondeu:” ora ela diz que não vão ao recreio e depois eles vão!”
Pronto fiquei com mais uma definição de castigo: “fazer algo super difícil”

sexta-feira, outubro 14, 2005

TrocaDestroca

A Trocadita mandou-me isto... Entendam-se... Posta é posta e não é por isso que a vou deixar de transcrever...

ATrocaditagostadebaralhar. Falasempreassimeosoutrossempreareclamar.
Unsdizemqueéumaquestãodeafirmação, outrosquenãoqueébrincadeira.
Eucáseiporqueé. Équeenquantofalamenãofalam, trocamedestrocam,
elatrocaditasorriepensatroquem-setroquem-seenquantoissosemprepensamemmim.

Vai de férias... E pede-me um texto...

Um texto da EDUCADORA, porque eu estou de férias...

Penso para mim: ok ok ok, está de férias, bem merecidas….
Mas… que texto??? Esta “coisa” de se escrever “à pressão”….
Lembrei! Os comentários do texto da Educadora…
Muito bem, vou por aí.
Informação versus Formação.
A Ministra da Educação “mandou”, que os docentes “fizessem” horas não lectivas na Escola, chamadas de “estabelecimento de ensino”.
O princípio até é bom… mas tudo o que é imposto corre o perigo de ficar corrompido.
Mas pronto, voltemos ao tema: Informação versus Formação.
É um facto que hoje já existe muita informação e também é um facto que ficamos com isso, com a informação, portanto não se vê a mudança.
Onde falha?
Penso que a falha está na formação.
Formação desde que somos pequenos e que deveria perdurar/continuar durante toda a vida.
Mas a formação (ao longo da vida) de que falo tem que “vir de dentro”. Temos de nos sentir receptivos a.
Portugal teve, durante largos anos, a oportunidade de o fazer. Falhou. Porquê? Porque a ideia de formação (autoformação) ficou corrompida a partir do momento em que foi exigido que para se ter progressão na carreira teria de se “fazer formação” (apresentar créditos).
Agora as ditas horas de Estabelecimento de Ensino… Projectos a apresentar ao Ministério até 15 deste mês… Veremos o que sai… Aposta-se muito nas aulas de substituição, nos clubes disto e daquilo…
Não vejo é ninguém apostar na ligação Escola/Comunidade/Família.
Pois é, Portugal é o único País da Europa com taxa de analfabetismo real. Nem falo dos altos níveis de Iliteracia… Sim, porque é aqui que reside o grande problema, na Iliteracia. Temos adultos a sair das faculdades que não sabem interpretar um texto, temos grandes construtores e afins que nem uma letra sabem ler.
Mas a aposta continua a ser…? Nem sei! Na formação é que não é!
Angola, País subdesenvolvido, tem neste momento uma grande empresa a apostar na Literacia das suas secretárias (muitas delas com ensino superior). Inglaterra há muito que aposta nisto. Todas as crianças quando iniciam a escolaridade tem um livro todas as semanas para ler juntamente com a sua família. Têm também um tutor que se desloca a casa para “formar” Pais (se Maomé não vai a montanha, vai a montanha a Maomé). Uma das formas de se ver se um País é desenvolvido é através dos níveis de Literacia. Por mim a aposta vai mesmo para a formação!

terça-feira, outubro 11, 2005

Para reflectir

Entrem neste site e vejam.... É de pensar...

http://www.ekincaglar.com/coin/flash-br.html

segunda-feira, outubro 10, 2005

Óbvio para uns, nem tanto para outros













Um texto de uma EDUCADORA...
Nestes anos de serviço há questões que coloco ás “minhas” crianças e que me fazem pensar. Fazem-me pensar que ás vezes achamos que há coisas que são dados adquiridos para todos. Mas não é tanto assim…
Senão vejamos:
Quando perguntamos ás crianças se conhecem alguém que saiba ler e escrever, de uma forma geral respondem sim e dão como exemplos a mãe, o pai, a Educadora…
Mas, se tentarmos ir mais ao pormenor e perguntarmos o que é que essas pessoas sabem ler, aí temos grandes surpresas…
Pois é… só a titulo de exemplo: Para uns o pai sabe ler o jornal e a mãe a revista. A educadora, essa sabe ler as histórias.
Se passarmos agora para o que é que essas mesmas pessoas sabem escrever então a surpresa é maior ainda: O pai sabe escrever “as coisas” da oficina, a mãe os recados para a professora. Quanto á Educadora, essa sabe escrever os nomes dos meninos nas folhas dos desenhos, sabe escrever o que os meninos dizem.
É… para as crianças a leitura e escrita (assim como tantas outras coisas) não são entendidas como algo que “quando se aprende se aprende para tudo”, ou seja para elas, o que sabem é o que vêm o outros fazerem. Portanto, para elas ler e escrever é um acto que os adultos fazem para “determinada coisa” sempre muito específica.
Estes “fenómenos” são explicáveis á luz das teorias da psicologia do desenvolvimento, mas isso não vem, agora, aqui para o caso.
Porque o que na realidade gostaria que os “adultos” entendessem é que o mundo delas (das crianças) não é o mesmo que o deles (adultos).
Pois é… o que é óbvio para uns não tem que ser para os outros…

Três costas e quatro pernas
















No outro dia, em conversa com uma amiga que tem 3 filhos ainda pequenos, apercebi-me das dificuldades práticas que representa ter 3 filhos...
Tinham ido os 5 ao circo... Foram para as bancadas onde é tudo de pau corrido sem encosto... Ás tantas começam os 3 a reclamar que lhes dói as costas, que já não têm posição para estar. 2 deles descem para a bancada de baixo e encostam-se ás pernas dos progenitores... Fica um de fora... Resolveram então entrar em “rotatividade”... Mas mesmo assim, “a coisa” não estava fácil... Era um troca e destroca que só visto!!!
Não, definitivamente esta não era melhor solução... De repente alguém diz: Bem, temos 4 pernas (as dos adultos) e 3 costas (as dos miúdos)...
Ok, juntamos melhor as 4 pernas e assim cada um “mete-se” entre cada ”buraco”, assim dá para os 3...
Dito e feito, surtiu resultados e lá conseguiram ver o circo sossegados...
Só não consegui ainda imaginar!!!

A Praça Aldeã



















Conforme disse, de vez enquando, vou postando alguns dos poemas feitos por um anonymous Amigo... E em bem da verdade se diga que deixou de ser anonymous e passou a ser um Amigo Ladino...

Na minha aldeia existe uma praça.
Nela, desaguam todas as ruas e,
Por lá passa um povo triste…

Sob o olhar do velho António,
Viúvo da vida e do resto.

Tantos anos sem sol que se veja
Por entre nuvens de amarguras,

Contidas nos grãos do trigo tombado
Com suor e lágrimas de saudade…

A companheira de tantos curtos anos,
Sucumbiu aos pulmões de pó.
Tantas lembranças junto daquela lareira…

Pensamentos de chamas da vida contida,
e… agora, tudo se apagou!

O António não aguenta mais…
Um dia destes, vai no encalço da companheira.

A luta vai terminar… como tudo o que começa.

domingo, outubro 09, 2005

Porque é Domingo

Talvez porque é Domingo, hoje não me apetece escrever nada, não me apetece procurar, nem ler nada do que mandaram... Não me apetece... Estou ansiosa, ando com o coração acelerado (o médico diz que são taquicardias), eu prefiro nem pensar no que é... Mas que está acelerado está... A ansiedade vem de várias situações que foram ocorrendo nos últimos meses, anos quem sabe... Mas hoje em concreto, a ansiedade volta, volta porque eu tenho sentires, volta porque me alegro ou fico triste, com as mais diversas situações, volta porque hoje, dia de eleições, eu torço por um amigo, um amigo que lutou, que se esforçou, mas nunca esquecendo de me ir enviando toda a documentação que tinha para que eu fosse ficando informada com tudo o que se ia passando… Nunca discuti resultados com ele… Mantive-me serena, até para não lhe criar demasiadas expectativas, positivas ou negativas que fossem… Mas… Eu continuo ansiosa, esperando um sinal… Ainda é cedo… Eu sei… Vou esperar… Vou vendo e pesquisando… Quem sabe uma surpresa me espera…

sábado, outubro 08, 2005

Dar... Receber....

Hoje recebi um texto de uma verdadeira Amiga... Aquela Amiga que o sabe ser... São os sentires dela que os transcrevo na íntegra...

Tento ligar-lhe. Deita a linha “abaixo”. Ok, já sei tá ocupada.
Recebo sms: agora não posso, querida… mais tarde dou um toque…
Lá vem o toque. Falamos, pomos a conversa em dia. Despedimo-nos.
À noite, já sentada no sofá, dou comigo a pensar: Tem sempre um “querida” para mim… Há quanto tempo não lhe chamo querida?
De repente vem-me à ideia: Porque não dizer-lhe isso mesmo?
Agarro no telemóvel e envio sms.


Este episódio passou-se comigo... Eis a sms que recebi, ainda guardada no tlm... nem de propósito...
Estava aqui a pensar… és tão doce para comigo…as tuas sms terminam sempre com um querida… e pensei mais…há quanto tempo não lhe digo o mesmo? Era só para te dizer dar um beijo de boa noite querida…

Acto de Amor











Alguém me enviou este texto... belissímo e para pensar...

3.30h da manhã. Acordo de repente com uma sensação estranha no corpo… E lembro! Ai… depressa! Ai que desta vez não chego a tempo! Visto-me o mais rápido possível e zás lá vou eu!
3.45h. Ainda cheguei a tempo! Vêm as perguntas do costume… E eu só digo: Olhe que isto não está para perguntas! Mandam-me passar para uma sala e despir-me (pelo canto do olho vejo uma “colega” já deitada à espera).
4.00h. Afinal foi mesmo a tempo! O meu bebé chegou…
12.00h. O meu bebé foi internado na unidade de neonatologia e eu claro, estou com ele. Oiço uma campainha. Mais um bebé a caminho, penso para mim, sorrindo.
Nisto vem a Enfermeira com uma bebé acabadinha de nascer…
Diz para outra: E agora que faço? A mãe não a quer…
Olha, a primeira coisa é dar-lhe um nome, como foste tu que a trouxeste "baptiza-a” tu.
Ok, fica… Madalena!
14.00h. Volto ao meu quarto, estou cansada. Na cama ao lado vejo a minha "colega”. Sorrio para ela e pergunto: Está tudo bem?
Não muito… a bebé teve que ser transferida… não estava bem… Mas você nem o lugar aqueceu!
Penso para mim: Algo não bate certo… Até que "se me fez luz”! A bebé dela é a Madalena!
Não questionei nada, mas pensei… pensei em muita coisa…
Volto para o meu bebé… A Madalena lá está, num berço sem ninguém para lhe dar colo. Nisto, chora. Pego-lhe ao colo e ela acalma. Sou repreendida: Não pega noutro bebé que não o seu! Pode transmitir doenças e depois, essa bebé não se pode "apegar” a ninguém! Pensei muito seriamente que não tinha ouvido bem… Não se pode "apegar”?? Então e tudo o que se sabe sobre a psicologia do desenvolvimento? Onde está o que é preconizado por Erikson e Bowlby sobre as fases de confiança versus desconfiança e apego versus perda?
Volto à cama e à minha "colega”. Fala-me da Lúcia… das suas preocupações com ela, das consultas e ecografias que fez durante a gravidez… Aí entendi… A minha "colega” amava a Lúcia/Madalena, mas por algum motivo não podia ficar com ela…
18.00h. A minha "colega” pede alta. Diz ter que sair para ir ter com a Lúcia… É-lhe dada a alta não sem antes ouvir um resmungo tipo "nem devia ter sido mãe” Não quis ouvir mais… virei-me para o outro lado.
Mas pensei: "A minha "colega” está a sofrer… quer sair daqui para fazer o seu "luto”… quer sair para não vacilar na sua decisão, sabe que a Lúcia/Madalena está ali, a um passo dela… Mas por algum motivo não pode ficar com ela!
E fiquei com uma certeza: A minha "colega” mais do que qualquer outra mãe teve um acto de AMOR! Por algum motivo não podia ficar com a sua bebé, mas com a sua atitude estava a AMAR a sua bebé!
Volvidos quase 6 anos ainda penso na Lúcia/ Madalena e no acto de Amor da minha "colega”…

sexta-feira, outubro 07, 2005

Preciso de Ti







A Mamã está doente…Ela diz que não se pode levantar…O meu irmão tem fome…
Amigo estarás aí para me ajudar?
Claro que sim…Eu estarei sempre aqui para te ajudar…Eu sempre serei o teu Amigo, conta comigo!


Alguns anos passaram…

Onde andas tu?

Andarás tu por aí?

Será que te foste embora?

Será que te esqueceste de mim?

Reflexões

Quero ser e não Sou, Quero estar e não Estou

Olho por olho, dente por dente

Andando eu a fazer a rodagem aos sites onde gosto de andar, acabei por entrar neste que visito todos os dias... http://troll-urbano.weblog.com.pt um blog de Postas de pescada sortidas, de três cidadãos banais e de uma "Estagiária" de elite!
E deveras espantada fiquei ao dar de olhos com esta posta de um dos cidadãos dito banais...

outubro 07, 2005

Um novo Blog de uma amiga do Troll

Por: Daniel Arruda

Uma nossa comentadora tinha um Blog e não dizia nada a ninguém. Mas o SIS do Troll com muito custo conseguiu arrancar a informação a quem de direito e resolveu publicitá-la. Eu gostei. Não é o meu género de escrita, mas gostei do que li. Até a Tretas já dá uns toques. Promete ser uma dupla de luxo se se assumirem como tal e espero que o façam. Ambas têm a sensibilidade necessária par escrever um belissimo Blog.
O Blog é o
Momentos Raros e merece uma visita diária para ler coisas bonitas.
Nina, da próxima vez que te meteres numa coisa destas vê lá se dizes qualquer coisa.


Como sou assumidamente "lamechenta" (ainda não entendi bem o que isto quer dizer), Daniel agradeço-te a "Forçinha"...
A todos os que me vão lendo visitem o troll-urbano... Vale a pena...

Rádio Amizade Online


Hoje descobri esta rádio online... estou certa que vão gostar tanto quanto eu... fica aqui o endereço http://radioao.no.sapo.pt/ A si, AsdeEspadas, desejo que continue em frente... Parabéns pelo projecto... :-)))

É possivel racionalidade e emoção conviverem?














Desde as 8 da manhã que ando aqui às voltas sem saber exactamente o que escrever aqui... Isto de ser marinheira de primeira viagem tem muito que se lhe diga... E tantas voltas dei, mais parecendo um gato procurando colo do dono, que resolvi lançar uma pequena discussão... Muita gente me "acusa" de eu ser e reagir emocionalmente... eu cá, pela parte que me toca, digo que não é bem assim, que consigo gerir Razão e Emoção quase ao mesmo nível... mas pergunto será que Emoções são mais rápidas que a Razão? Exprime-se Emoções racionalmente? Quem manda em nós? Razão ou Emoção? Eu cá fico, com a minha Emoção e Razão no mesmo nível, na vá a porca torcer o rabo...

quinta-feira, outubro 06, 2005

Ribeira Doce

quarta-feira, outubro 05, 2005

Hoje fui à escola



















Vou transcrever aqui dois textos, escritos pela minha Amiga Tretas, um pouco longos, mas que vale a pena ler... São os sentires de uma Mãe e do seu filhote "caçula"... beijos nos dois...

HOJE FUI À ESCOLA

Hoje fui à escola. Escola onde também eu andei (a minha primeira) e onde andaram os meus filhos mais velhos.Fui buscar o meu pequenito (entrou ontem para a escola pela primeira vez).Vi os meninos a correrem ladeira abaixo, contentes e alegres, e esperei pacientemente que o meu chegasse…Nada! O catraio não havia meio de chegar! Vi uma pequenita da sala dele e perguntei-lhe: “B. viste o F.?”Respondeu: “Vi, está lá em cima a chorar”.Pensei para comigo: “Bem, deve-se ter perdido…Já não sabe onde é a saída…O melhor é mesmo ir lá acima buscá-lo.”Aqui tenho que fazer um parêntesis:É que o meu pequenito viu-se confrontado de um dia para o outro com a notícia de que afinal ia para a Escola! Sim, ele “é condicional” e em Julho foi-lhe dito que não havia vaga na Escola e portanto ele teria que ficar mais um ano na Pré-escola.Este facto (o de não ir) não foi muito pacífico (apesar de sempre lhe termos dito que talvez não fosse) porque viu todos os seus amiguinhos a irem para a Escola e ele a ficar, com a agravante de ainda ter tido que mudar de Educadora…Voltemos então ao dia da grande noticia…Os outros meninos já frequentavam a escola há duas semanas, tiveram a chamada adaptação, conhecer o meio, rotinas, etc.O F. não teve nada disso…Num dia estava no Jardim de Infância e no outro, assim sem mais nem menos, na Escola.Nessa noite acordou várias vezes…“Mãe e se os outros meninos já sabem escrever?, E o que é que eu faço quando chegar à Escola?, E o que é que eu ponho em cima da carteira?, E onde são as casas-de-banho?...”Tentei tranquiliza-lo, puxando-o para mim fazendo-lhe festinhas e baixinho disse-lhe: “Querido sossega, a Srª Professora vai dizer-te e explicar-te essas coisas todas…”Lá sossegou, aninhado nos meus braços e ao “som” das minhas festas e adormeceu.Chegou o grande dia…O F. ia para a Escola! De mochila ás costas (do Benfica claro!) e com um ar muito compenetrado lá foi…Enquanto eu falava com a Professora, olhei pelo canto do olho e lá estava ele: Sentadinho á espera. Esperou e voltou a esperar…os outros meninos estavam numa azafama a tirar estojos, livros, lápis, canetas, e o F. sossegadinho á espera…Ás tantas vejo-o baixar a cabecita e a fazer “beicinho”… Aproximei-me e perguntei: “Que foi meu amor?”Disse-me baixinho com a vozinha a tremer: “Mãe o que tiro da mochila?”Sorri, fiz-lhe uma festa e disse-lhe: “Tem calma querido, vou já já chamar a Professora e ela diz-te.”Depois deste incidente resolvido e de ter explicado à professora que o F. não conhecia as dinâmicas da escola nem as rotinas e que não tinha tido tempo para se mentalizar que de facto ia para a Escola, despedi-me dele com um beijinho e disse-lhe ao ouvido: “Vai correr tudo bem querido.”Mas hoje tive que ir novamente à Escola, o F, tinha ficado na sala a chorar…Encontrei-o no cimo da ladeira e perguntei-lhe o que tinha acontecido. Disse-me com a vozinha meio a tremelicar: “A professora não dizia para eu arrumar….”Pus pernas ao caminho e fui mesmo saber o que se tinha passado.Entrei na sala (já vazia de meninos), cumprimentei a Professora e disse-lhe que vinha saber como tinha estado o F.Com os olhos muito arregalados e com um ar muito grave disse-me: “Ai ele é tão dependennnnteeeeee…”Pensei para comigo: “Dependente o F? há qualquer coisa que não bate bem…”E disse-lhe isso mesmo: “Olhe que não é, ele é o 3º filho de 3 e mesmo que eu quisesse o F. nunca poderia ser dependente.”“Pois, retorquiu a Prof, mas olhe que não faz nada se eu não lhe disser expressamente para o fazer!”
Entendi o que me estava a querer dizer e voltei a reforçar que o F. não tem referências das dinâmicas e rotinas da Escola, que nem sabe ainda para que servem os toques de campainha etc.Ainda me começou a dizer que os outros meninos sabiam…Nem a deixei acabar!Disse-lhe mesmo:” Não se esqueça que os outros meninos tiveram um período de adaptação onde aprenderam isso tudo, onde sabem que existe um intervalo, conhecem o espaço, conhecem as rotinas!”Ao mesmo tempo pensava, já zangada: “Mas será que esta criatura não entende isto? Será que não entende que tem que ensinar ao F. o que ensinou aos outros? Será que não entende que ao ter ensinado, os outros ficaram com memórias para agora terem referencias? Será que não entende que as memórias e referencias que o F. tem são as do Jardim de Infância? Será que não entende que só depois disso é que o F. vai conseguir aprender a viver na Escola?Ainda me foi dizendo que os meninos eram todos muito inteligentes, que a B. era muito preguiçosa e que os que se portavam mal eram sempre os mesmos…Nem quis ouvir mais nada…ainda comecei a pensar para os meus botões como é que em 15 dias ela tirava estas conclusões todas…Disse-lhe que o F. neste momento estava muito mais concentrado a tentar aprender a viver na Escola para depois, aí sim, se concentrar nas aprendizagens formais da Escola…desejei-lhe bom feriado e saí…

E fui à feira
















Aqui está a continuação do dia do F., desta vez já na feira...

À noite fui á Feira!

O F. e os irmãos estavam super excitados…
Às tantas, já na Feira dei por mim a ver o F. a andar de carrossel, contente, sorridente, feliz. O mano não quis. Não acha muita piada aos divertimentos e diz que é muita confusão. Está sempre atento ao F., não vá ele levantar-se e cair. A mana, essa, já quer mesmo é estar com os amigos e divertir-se. Está a aprender a ser Mulher…
Nisto, dou por mim a observar as outras mães…todas sorriem com as “habilidades” dos filhos e estes correspondem (como o F.) olhando para elas com um grande sorriso na cara.
Entretanto, passamos para os carrinhos de choque para os pequenos.
O F. quis ir…mas só sabia que tinha que rodar o volante. Lá lhe ensinei que quando ouvisse uma campainha tinha que colocar a ficha na ranhura, tudo bem até aí…Tocou a campainha, o F. meteu a ficha mas o carro não andava…
Gritei para ele: “Carrega no pedal! “
Ele olhou, viu, carregou e lá andou o carro…Cada vez que paravam os carros, o F., com as suas mãozitas pequenitas, acenava-me e gritava: “Vá depressa, outra antes que toque!”
Pois é…o F. tinha na memória que se rodam os volantes dos carros, faltavam-lhe outras referências para poder andar com o carro. Instintivamente ensinei-lhas…Não pude deixar de associar estas aprendizagens que o F. fez na Feira através das que tinha na memória e das referências que lhe fui dando, com as da Escola que a Prof. não lhe soube dar….

De repente voltei-me para as minhas memórias…
Também eu quando era da idade do F. vinha à Feira com os meus pais e também a mim, instintivamente eles me ensinaram a andar nestes divertimentos.
Mas a Feira das minhas memórias já não era esta…
Na “minha” Feira o chão era de terra batida, as musicas dos carroceis eram as da Heidi ou dos Vikings, as barracas eram mesmo barracas. Agora o chão é de calçada, as musicas são as das discotecas e as barracas são Stands…
As referências da “minha” Feira já não vão ser as mesmas das do F.
Mas pasmei ainda quando de repente, o F, gritou: “ Mãe quero ir ao parque infantil!”
Aí, sou sincera: nem memórias nem referências…fiquei sem saber o que fazer…Na “minha” Feira não havia parque infantil!
Mas nesta há…e o F. sabia…
No final deste dia, repleto de emoções pensei para mim:

Deixei de ter bebes…
Já estão todos na Escola, começam agora a aprender a viver neste mundo, o dos adultos, com todas as regras que eles desconhecem e que temos que ser nós a ensinar-lhes e a dar-lhes as memórias e referências para que eles as possam transformar e adaptar para melhor nele viverem.

Não há dúvida, temos que ter memórias para termos referências para podermos viver!

Gare do Adeus



Eu tenho uma amiga... Sim, porque eu tenho amigos e amigas... Mas esta Amiga tem um dom especial... Apesar de dizer que "anda sempre na lua", para mim anda sempre com os pés bem assentes na terra... E na hora da verdade, sabe-me dizer a palavra certa, que nem sempre é a que eu quero ou que não me dá jeito ouvir... Mas é exactamente por isso, que eu gosto dela... Um dia, não há muito tempo, entrei de mansinho no messenger e disse-lhe que não estava bem... Ela, de seu nick Tulipa, pediu-me que tivesse calma e que fosse ler um texto numa página dela escrito em Abril deste ano... E eu, rapariga bem mandada fui... Já com a cara bem lavada pelas lágrimas que teimavam correr pelo meu rosto... Li... Voltei a ler... E a reler... Entendi tão bem a mensagem que a Tulipa me estava a dar... Nesse mesmo dia (noite dentro), resolvi que ia fazer uma viagem... E fiz... O destino era a Vida... Vou deixar aqui esse texto, para que outras pessoas possam fazer essa viagem sem medos e sim com a certeza que vale a pena fazer essa viagem... A ti, minha amiga Tulipa fica a gratidão das tuas palavras....
Gare do Adeus

Estou na gare do adeus.

Os comboios param para eu entrar. São confortáveis, modernos, acolhedores, vão carregados com surpresas, as pessoas conversam, sorriem, cantam.

Não entro, a minha alma grita que a partida é inevitável, mas o coração recusa-se a sentir.

A memória é aliada do coração. Mostra o filme do meu sonho, tão curtinho, tão pequenino, mas tão forte.

Ouço os carris a estremecer, tenho que ir.

Os bancos estão novos, sou a única passageira. A música que ouço é-me familiar “souls in ecstasy”. O quanto falta à minha alma para atingir esse estado. Gostava de saber o destino que leva este comboio, mas a quem perguntar se estou sozinha?...

O coração acedeu e abraçou-se à minha alma. Era ilusória a sensação de vazio no comboio, afinal estamos três. Eu e os meus suportes celestiais (coração e alma).

Os meus olhos procuram tudo e vêm o nada que há. As mãos estão geladas e estilhaçam a chuva miudinha que insiste em não me largar a face.

Algo se mexe…é o comboio…em movimento…

Para onde irei? Ainda pensei em saltar da janela, assim evitava a viagem só de ida.

Vou espreitar um ecrã azul lá no fundo da carruagem. Ler sempre foi um prazer, mas agora é-me difícil juntar as letras.

Que letras tão sem sentido estão aqui para eu as ler:

Adeus meu amor.

Paragens: tristeza, serenidade, sorrisos, amor, desamor, alegria, felicidade, harmonia, e mais algumas que não constam do itinerário.

Destino: A MINHA VIDA

Tulipa, 17 de Abril de 2005

terça-feira, outubro 04, 2005

A estupidez do ser humano











Eram 19.15... Em frente do conjunto de prédios onde moro, existe uma grande extensão de mato, parte dele já vedado por uma construtora, que espera ansiosamente pelas licenças de autorização de construção... Mas como há mais vegetação, muita mais para desbravar, é aqui que entra a estupidez do ser humano.... Pega fogo em vários sítios ao mesmo tempo... E zás... Eis um belo terreno limpo e pronto a construir... Não pensando obviamente, nas casas que lhe estão bem próximas, não pensando na casa de uma velhinha que todo o dia fica apanhando seu sol sentadinha num banco... Não pensando.... Há que construir, nem que para isso se ponha em risco pessoas, animais e bens... Por outro lado, os bombeiros demoram 30minutos a chegar, porque o quartel fica apenas a 10... E por outro, vem o carro da policia (P.S.P), não sei bem fazer o quê, já que os dois agentes saem do carro e assumem a pose de modelos fotográficos encostados à viatura... Note-se que câmaras fotográficas só as dos tlms dos curiosos... É este o país real em que vivemos... E agora que o fogo está em rescaldo, dou os mes parabéns aos Srs. construtores mandantes deste incêndio que tenham uma noite serena, se conseguirem... Pior é que conseguem....

Avô...

Hoje acordei com uma nostalgia que já me é normal... Dia 4 de Outubro... Hoje se fosses vivo, farias mais um ano... deixa eu ver.... seriam exactamente 112 anos... Não imaginas a falta que me fazes... Hoje eu estaria mais feliz... Tu já tinhas pegado em mim e tinhas-me sentado na tua perna direita... o banquinho perfeito, onde me deliciavas com as tuas histórias ou me davas os teus raspanetes dóceis porque te tinha depenicado todos os cachos de uvas por onde eu passava... Lembras-te?... Lembras-te de eu fazer da ponta do teu casaco a sineta para te chamar a tua atenção?... Tu eras grande Avô... muito grande... e eu tão pequenina, era a tua menina... Eu sei que era... a menina dos teus olhos... a menina a quem fazias todas as vontades sem a mimar demais... a menina que defendias dos sermões de minha mãe, porque eu era traquina... Lembras-te? Sinto uma saudade imensa de ti... Tu foste o meu único avô de quem eu tenho memória... Hoje e uma vez mais, a tua menina está contigo, aqui... Parabéns Avô!


Aproveito e deixo aqui um texto que me foi enviado pela Tretas e que de alguma forma é uma homenagem a todos os Avós, incluíndo o meu... Obrigada Amiga...

Os Avós

Um avô é um homem que não tem filhos, por isso gosta dos filhos dos outros…
Os avós não têm nada que fazer, é só estarem ali…
Quando nos levam a passear, andam devagar e não pisam as folhas bonitas nem as lagartas…
Nunca dizem: despacha-te... Normalmente são gordos, mas mesmo assim conseguem atar-nos os sapatos…
Sabem sempre que a gente quer mais uma fatia de bolo, ou uma fatia maior…
Um avô de verdade nunca bate numa criança: zanga-se mas a rir…
Os avós usam óculos e às vezes até conseguem tirar os dentes…
Quando nos lêem histórias nunca saltam bocados e não se importam de contar a mesma história várias vezes…
Os avós são as únicas pessoas grandes que têm sempre tempo…
Não são fracos como eles dizem, apesar de morrerem mais vezes que nós…
Toda a gente deve fazer o possível por ter um avô, sobretudo se não tiver televisão…



segunda-feira, outubro 03, 2005

Sonhos





















Ai, quem dera...
Pensamentos perfeitos fora da realidade...
Toda a gente quer se realizem...
Sonhos perfeitos...
Toda a gente os tem...
Toda a gente os quer ter...
E quando acorda...
"Puff"...
Desaparecem...
Momentos tão bons que temos...
Acabam mais depressa do que começam...
Pequenas verdades que se escondem...
Desejos grandes que se desejam...
Vontades por satisfazer...
Verdades por se ver...
São os Sonhos...

Coincidência ou não (entenda-se o meu estado de espírito), o meu filho mais novo apresenta-me este poema feito por ele, em Abril deste ano... Surpreendeu-me... A ti meu filho, te digo.... continua...:)))

Eu.....

Mulheres do Cais














Olha a Dairinhas de menino ao colo....
Esperando pelo homem do mar...
naquele cais donde partiu há meses sem dó...
aquele nino ao mundo veio em plena ausência...
e que dura vida aquela...
como a do velho que conta dias no banco do jardim...

Será que volta e não volta?
quebrado pela força do sal embrenhado em suor...
volta como parra que tomba... cansado
eis que um barco chega daquelas ondas sem fim!!!!
Que alegria aquela das mulheres do cais!!!!
mulheres de ausência feitas e refeitas por ora...
vai haver festa na aldeia e com foguetes pois então...
são poucas as jarras do vinho entretanto trabalhado...
carne de borrego e broa do forno de todos...

Pela madrugada... repousam num leito de saudade...
fazendo o amor descontado naquelas horas..!

Que bela está a aldeia... cheia de Amor


Este poema foi escrito por um anonymous, num momento de improviso...
Muitos mais tem, e a seu tempo aqui os irei deixando...
Obrigada Amigo

Parabéns Adriana Calcanhoto


Adriana Calcanhoto faz hoje anos... Para muitos , poderá não ser importante... para mim tem... Uma voz inconfundível... Uma companhia muitas vezes nos meus momentos de maior solidão... Vão ao site dela em www.adrianacalcanhotto.com.br

Eclipse




















Portugal esteve hoje na rota de um eclipse do sol anular...
O testemunho da passagem da lua em frente ao astro rei...
Simplesmente belo!....

domingo, outubro 02, 2005

Emoções

Pablo Neruda




















Não te quero a não ser porque te quero
e de te querer a não te querer chego
e de te esperar quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.

Só te quero porque é a ti quem quero,
sem fim te odeio, e com ódio te peço
e a medida do amor meu, viageiro,
é não te ver e amar-te como um cego.

Talvez consuma a luz de Janeiro,
seu raio cruel, meu coração inteiro,
de mim roubando a chave do sossego.

Nessa história só eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor, a sangue e fogo.

(in cem sonetos de amor)

Florbela Espanca


Loucura Tudo cai!Tudo tomba!Derrocada
Pavorosa!Não sei onde era dantes.
Meu solar,meus palacios,meus mirantes!
Não sei de nada,Deus,não sei de nada!...
Passa a tropel febril a cavalgada
Das paixões e loucuras triunfantes!
Rasgam-se sedas,quebram-se os diamantes!
Não tenho nada,Deus,não tenho nada!...
Pesadelos de insônia ,ébrios de anseio!
Loucura de esboçar-se,a enegrecer
Cada vez mais as trevas do meu seio!
Ó pavoroso mal de ser sozinha!
Ó pavoroso e atroz mal de trazer
Tantas almas a rir dentro de mim!


Uma Rosa


Uma rosa... sem espinhos...

Não sei amar........

Vagueando pela net, noite dentro encontrei este poema, do qual desconheço a autoria.... Mas revi-me nele no primeiro olhar...


Hoje descobri que não sei amar...
Os homens da minha vida
Vieram e foram
E o amor passou
Morrendo pouco e pouco
Como uma planta sem água
Que um dia plantada
Murchou esquecida
Por quem a plantou
Hoje sei que amo demais
Não sei amar de outra maneira
Mas essa não é a forma de amar
Verdadeira
Só sei ser como sou
Dizem que para manter um amor
Há que lutar, subjugar
Superar, dominar...
E eu não sei amar assim
Sei apenas demonstrar que penso em ti
Em bilhetes que deixo espalhados
Nas tuas roupas, no teu quarto
Não peço mais do que te dou
Mas sei que é pedir demais...
Não sei amar de outra maneira
E quando finalmente percebo
Que o desengano se enganou
Parto solitária
Buscando a minha loucura
A minha paixão
Solidão
Não busco outro amor que não o meu
Feito de sentimento, de afecto
Algodão doce
Dá-me o que te dou
E dar-te-ei estrelas
Porque não o universo?
Uma planta que nasce
Dando frutos que ninguém aprecia
Mais valia estar morta
Do que florescendo noite e dia
Sem se ver
Só erva daninha alastra sem ninguém a tratar
E o meu amor é a mais fina flor
Que plantado cresce viçoso
Esquecido, morre de desgosto
Partindo para outro lugar