domingo, outubro 02, 2005

Pablo Neruda




















Não te quero a não ser porque te quero
e de te querer a não te querer chego
e de te esperar quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.

Só te quero porque é a ti quem quero,
sem fim te odeio, e com ódio te peço
e a medida do amor meu, viageiro,
é não te ver e amar-te como um cego.

Talvez consuma a luz de Janeiro,
seu raio cruel, meu coração inteiro,
de mim roubando a chave do sossego.

Nessa história só eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor, a sangue e fogo.

(in cem sonetos de amor)