segunda-feira, novembro 28, 2005

Ana

Um texto da Educadora...

Ana, mulher, amante, mãe, cigana.
Ana foi hoje à sala, com a M. ao colo (7meses) e com o A. (3 anos) pela mão.
Entrou, sorridente, mostrando 5 dentes de ouro bem reluzentes.
A., carita suja mas com um sorriso de orelha a orelha.
M., sorridente também, a comer uma bolachita.
Sentamo-nos e começamos a conversar.
Ana fala-me da dificuldade que tem para que o A. vá para o jardim-de-infância (fica sempre a chorar e ela fica com pena).
Nisto, a M. começa a choramingar. Aproveito para a deitar na manta, para ver como reage. Fica-se.
Nisto saltamos para as gravidezes (5 ao todo), vigilância de saúde dela e dos filhos, partos, etc.
Como as conversas são como as cerejas e eu sabia onde queria chegar, fui dirigindo o assunto para a sua situação socio-económica.
Sem qualquer problema e de uma forma muito natural, diz-me que tem uma “barraquita”, sem água, luz (tem gerador), sem chão (é de terra) e que “fica logo ali em cima”.
Fala-me do frio que sente à noite, mas que dormindo todos juntos (ela e os filhos) sempre ficam mais quentinhos.
Pergunto-lhe pelo companheiro. Diz-me que ás vezes há alturas em que ele fica em casa varias semanas, mas ela já não tem muita paciência para ele.
Pergunto-lhe a idade dela e responde-me 33… Fico espantada, dar-lhe-ia pelo menos mais 10 anos.
Algo ali, me dava indicadores de que as coisas não correriam muito bem.
Perguntei-lhe se o companheiro se zangava muito com ela. Responde-me com uma lágrima que de repente lhe corre pela cara. Levanto-me, abraço-a e seco-lhe a lágrima. Por fim diz-me: Chama-me nomes e bate-me. Estou tão cansada…
Nisto volta com o seu sorriso de orelha a orelha e com a sua naturalidade e aceitação diz-me que é a vida.
Falamos de muitas mais coisas, sobre a vida dela, de como cresceu, de quando foi mãe-menina, de como acentou raízes…
Vim para casa a pensar que iria trabalhar muito com a M. e a mãe. Pensei ainda que teria urgentemente que rever muitos dos meus pré-conceitos (não preconceitos), estudar muitas coisas e acima de tudo, que iria aprender muito com a mulher, amante, mãe e cigana que é a Ana que apesar de viver numa barraca sem condições, com 5 filhos, tem sempre um sorriso de orelha a orelha.

quarta-feira, novembro 23, 2005

Relacionamento Virtual



Para quem é Des...Crente, um texto encontrado algures, mas que dá para pensar....

"Os relacionamentos não são verdadeiros...As pessoas que têm "casos" pela Internet mentem... Quantas vezes já ouvimos isso? Quanta gente já dissertou teses sobre essas verdades? Virtuais são todos os relacionamentos. Apesar de termos como verdade que “relacionamento virtual é relacionamento pelo computador” isso é apenas semântica. Qual o relacionamento que não é virtual? Quem pode afirmar que é real o seu relacionamento? Por que para um relacionamento ser real ele tem de passar algumas fronteiras e deixar cair algumas barreiras. Uma lista ? Como não!

Verdade - só porque duas pessoas se relacionam através de correspôndencia elas estão fugindo da verdade? Ou estando frente a frente, juntos, não podem estar não dizendo só a verdade? E o que teria sido nossos avós e nossos pais se não houvesse a correspondência? Ou será que todos moravam nas mesmas cidades, nos mesmos bairros? Ou o correio e as cartas não mereciam credibilidade? Qual a diferença entre as cartas de ontem e os e-mail de hoje?

Respeito - o respeito é, antes de tudo algo que professamos ou não. E respeito ou temos para connosco ou não temos para com ninguém. Aquele que não tem respeito por si, não importa se está ou não na presença do outro, não terá respeito pelo relacionamento.

Amor - o amor se apresenta na hora menos esperada, na situação mais inusitada, no lugar mais absurdo. Amor é amor. Ponto Final. Na boate, na rua, no cinema, no restaurante, e na internet, ele é só amor...

Sexo - se é virtual ou não, é só uma questão de satisfação entre duas pessoas. Se o carinho existir, quem pode condenar a maneira como ele é feito? Relacionamento virtual é um relacionamento como outro qualquer. Muito antigo, muito usado, tão velho como a mulher e o homem. Os mensageiros, os arautos, os carteiros, os e-mail, são somente veículos de relacionamento virtual.
Que sempre existiu... Sempre existirá... Se tu tens um relacionamento virtual, se ele te gratifica, vai em frente. Que ele te dê a segurança para que chegues onde quiseres, mesmo que não seja com um encontro real. Mas que ele te leve à Felicidade."
(Sérgio Couto)

Des...

Pois é, o des tem muito que se lhe diga…
Anda sempre agarrado a qualquer coisa.
Ele é: des….culpe, mas des…viei-o do seu caminho.
Ou então: Este governo é um grande des…governo, tapa daqui para des…tapar acolá.
Mas temos ainda (quando ás vezes nos custa utilizar certas palavras): Sabes, não te des…amo, direi mesmo que não des…gosto de ti, e mais ainda… não te des…quero…
Há ainda outros des que existem por si só: Des…ejo des…pachar-me para poder ir des…anuviar.
Sim, é isso mesmo! É que à conta do des, des…montei a minha cabeça, que já anda des…momoriada e des…concentrada, de tanto pensar no des…conforto que é sentir que andam tantos des por aí e que des…propositadamente, des…aparecem e reaparecem, meio des…garrados, como por exemplo: DES…BEIJOOOOOOOOOOOOOOOOO
(Texto elaborado pela Tretas)

Des...aventuras duma Educadora




















Estávamos todos sentados na manta à conversa.
Cada um de nós contava como tinha sido o fim-de-semana, o que tínhamos feito.
Entretanto a R. diz: Eu fui ver o Cristo Rei!
Alguém pergunta o que é o Cristo Rei. Nestas coisas devolvo sempre a pergunta.
Pergunto se alguém do grupo sabe o que é.
Responde a R. : É o Espírito Santo!
E logo retorquiu o C.: Ó minha ganda estu….! Espírito Santo é o banco onde a minha mãe vai!

Nota. Não é anedota, aconteceu mesmo. Há dias em que uma Educadora devia era estar caladinha…

domingo, novembro 20, 2005

Viver











"Só existem dois dias no ano em que nada pode ser feito, um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver"
Dalai Lama

Saudades


















Saudades de mim...

sábado, novembro 19, 2005

Voltando ao passado

Deitei-me no sofá e de repente dou comigo a passear por estes jardins... os jardins do Quitandinha em Petrópolis... para quem na sabe, este palácio foi um hotel e um casino... Como o jogo foi proíbido no Brasil, transformaram o hotel em apartamentos... Eu vivi lá... Adorei... Distante 75 Km do calor infernal do Rio de Janeiro, sabia bem apreciar a lareira, o camisolão e o ar frio da serra... Saudade boa...

quinta-feira, novembro 17, 2005

Espelho da Vida























Hoje tive a percepção real de que estou em processo de metamorfose mesmo... Hoje alertaram-me que estaria a passar a crise dos 40... Nunca tive muita noção disso, nem tão pouco acreditei que isso podia mesmo acontecer... E de facto começo a acreditar que sim... Que a determinada altura da nossa vida, temos a necessidade, mesmo que involuntária, de mudar... Mudar talvez conceitos, atitudes, sentires... E eu estou exactamente sentindo isso... Uma clareza maior de todas estas coisas... Mas alertou-me também que para esta metamorfose ser bem sucedida, teria que olhar no espelho e gostar de mim... Concordo plenamente, mas nunca deixei de gostar de mim, apesar de estar muito zangada comigo... Consigo olhar-me no espelho e gosto, gosto do que vejo... Mas quando olho no espelho da vida... Esse está muito embaciado...
Obrigada Amiga Educadora pelas tuas palavras sempre sábias e sempre na hora certa...

quarta-feira, novembro 16, 2005

O meu pensamento para hoje

Uma pessoa para compreender tem de se transformar.
(Saint-Exupéry
)

terça-feira, novembro 15, 2005

Lágrimas

" Lágrimas secas...
Apenas choradas.
Não mostradas!
Neste silêncio triste,
nesta tristeza silente,
secos estão meus olhos.
Molhada,
porém,
está minha alma.
Lágrimas vividas...
Lágrimas sofridas...
Lágrimas sentidas...
Mas não mostradas.
Apenas guardadas em meu coração.
Só minhas! "

sábado, novembro 12, 2005

Ancora

Ancorada no tempo...

Trajecto...
























Que trajecto?

sexta-feira, novembro 11, 2005

Magusto



















No dia de S. Martinho, mata o teu porco, chega-te ao lume, assa castanhas e prova o teu vinho.

O S. Martinho, como o dia de Todos os Santos, é também uma ocasião de magustos, o que parece relacioná-lo originariamente com o culto dos mortos (como as celebrações de Todos os Santos e Fiéis Defuntos). Mas ele é hoje sobretudo a festa do vinho, a data em que se inaugura o vinho novo, se atestam as pipas, celebrada em muitas partes com procissões de bêbados de licenciosidade autorizada, parodiando cortejos religiosos em versão báquica, que entram nas adegas, bebem e brincam livremente e são a glorificação das figuras destacadas da bebedice local constituída em burlescas irmandades. Por vezes uma dos homens, outra das mulheres, em alguns casos a celebração fracciona-se em dois dias: o de S. Martinho para os homens e o de Santa Bebiana para as mulheres (Beira Baixa). As pessoas dão aos festeiros. vinho e castanhas. O S. Martinho é também ocasião de matança de porco.Um bom S.Martinho para todos...

S. Martinho


Lenda de S. Martinho
Havia, há muitos anos, um soldado romano, rico, que, a cavalo, fazia as suas rondas pela cidade a ver se estava tudo em ordem.E uma vez, por alturas de novembro, saiu, como de costume, debaixo de uma chuva miudinha e fria. No caminho, apareceu-lhe um velho, pobre e quase nú, que lhe pediu esmola.Martinho era assim que se chamava o cavaleiro, não tendo á mão nada que lhe dar, tirou a capa que levava aos ombros e, com a espada, cortou-a ao meio, cobrindo com metade os ombros regelados do mendigo. E seguiu o seu caminho.E não ia ainda longe, quando, sem mais nem menos, a chuva parou e um sol bonito raiou no céu.É por isso que ainda hoje, pela altura de S. Martinho, um sol radioso costuma aparecer e a que o povo chama o “ Verão de S. Martinho”.

quarta-feira, novembro 09, 2005

De... Pressão

terça-feira, novembro 08, 2005

Neura
























Sábado porque foi sábado, Domingo porque naturalmente foi domingo e segunda porque é segunda, o certo é que continuo com uma neura, daquelas que vem para ficar… Não sei explicar muito bem porquê… Mas que ela existe, existe… Talvez porque deixei de acreditar em muita coisa e passei a querer acreditar noutras… Talvez porque eu seja exigente demais… Comigo e para com as pessoas que me rodeiam e com as que não rodeiam também… Não sei se é defeito se feitio… Já desisti de tentar entender muita coisa… Não vale a pena… Também desisti de tentar explicar certas coisas… Dane-se!!!… Para quê desgastar-me e chegar ao fim e continuar tudo na mesma… A minha neura tem várias nuances… Sei que tem… Mas vai passar…

sexta-feira, novembro 04, 2005

Mar


Mar... Amigo... confidente... Companheiro de todas as horas... Mar revolto... Mar das minhas lágrimas... Dos meus sorrisos... No vai e vem das ondas balançam os meus pensamentos... O verde e azul do mar dão-me o alento... A esperança... O som do bater das suas ondas nas rochas dão-me a força tanta vezes perdida... Vou até ti...

quarta-feira, novembro 02, 2005

Leal da Camara

A propósito de uma conversa com uma Amiga sobre saloios e "esperteza saloia", lembrei que nas minhas recentes andanças pela capital que visitei uma casa museu na Rinchoa de Leal da Camara... Deixo Aqui um historial dele e convido a irem ver a casa museu que vale bem a pena... Não só pela sua beleza como pela sua conservação... Aqueles jardins... Lindos!
" Casa-Museu de Leal da Câmara está instalada na moradia onde Mestre Leal da Câmara viveu desde 1930 até à sua morte, ocorrida em 1948. O edifício fora outrora pertença de Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, detendo nessa altura a função de entreposto de muda de cavalos situado entre a Quinta da Granja do Marquês (Terrugem, Sintra) e o Palácio de Oeiras. No século XIX funcionou como Hospital de Campanha das tropas portuguesas durante as Invasões Francesas. Incorporada na Câmara Municipal de Sintra em 1965, por morte da doadora e viúva do Mestre, desde essa data a Casa-Museu vem prestando à população um serviço cultural único onde se evidenciam as vivências do artista.O edifício onde está sedeado o Núcleo dos Saloios da Casa-Museu de Leal da Câmara deve o seu projecto, primeiro, a Jorge Segurado que, em 1919, concebe um imóvel para albergar o Museu Etnográfico Português a implantar na Flandres, e depois a Leal da Câmara que o remodela como Escola Primária. Desde 21 de Julho de 2003 funciona ali um espaço onde se exibem as colecções saloias do artista. "
"Colecções / Patrimónios
Pintura, mobiliário, caricatura, desenho, tecidos, cerâmica. Arquivo fotográfico e de correspondência e documentação. Azulejos. "
"De seu nome completo Tomás Leal da Câmara, nasceu em Pangim, na Índia, em 30 de Novembro de 1876, e faleceu na Rinchoa, perto de Sintra, em 21 de Julho de 1948.Tendo chegado a Lisboa com apenas quatro anos, veio a revelar, logo nos tempos de estudante, inclinações para o desenho, principalmente para a caricatura.Frequentou o Instituto de Agronomia e Medicina Veterinária, que abandonou em 1896 para se dedicar à defesa dos seus ideais republicanos.Como caricaturista colaborou em vários jornais ( O Inferno - Jornal de Arte e Crítica, A Marselhesa, A Corja e O Diabo); a sua colaboração nestes três últimos jornais, com críticas violentas à Monarquia e à Igreja, provocou a suspensão da sua publicação. Devido à sua tendência satírica foi considerado inimigo da instituição monárquica e forçado a exilar-se primeiro em Madrid e depois em Paris - onde se fixou a partir de 1900, colaborando no grande jornal de caricaturas L'Assiette au Beurre - e finalmente na Bélgica, vindo a tornar-se famoso a nível europeu. Depois da revolução republicana de 5 de Outubro de 1910 pôde finalmente regressar a Portugal, fixando-se no Porto. Fez uma exposição individual das suas obras em Lisboa, em 1912. Em 1915 tornou-se animador de um grupo de artistas - Os Fantasistas, e em 1917 organizou uma exposição modernista sobre o tema «Arte e Guerra».Esteve no Brasil em 1922 e, de volta a Portugal, dedicou-se também a representar, em famosos desenhos e aguarelas, figuras populares da zona saloia.Ilustrou os contos para crianças de Ana de Castro Osório, o que lhe terá despertado o interesse pelos assuntos infantis - que se manifestou na decoração de escolas, nomeadamente para os Jardins-Escola João de Deus."





Desumanidade

Como se pode olhar para uma criança e pensar nela como um objecto de ataque suicida? A noticia de ontem nas televisões chocou-me, mais ainda do que pensar na fome, nos maus tratos que muitas vezes são alvo... Não há ninguém que consiga parar isto????? Onde está a Unicef que protege as crianças?

terça-feira, novembro 01, 2005

Pão por Deus

















Aqui fica um texto do Mistéri0, sobre o Pão por Deus...

"Saiu de casa bem cedo sacola de pano de mão, sorriso gaiato no rosto e a travessura oculta nos olhos. Sim porque é Dia 1 de Novembro e em Portugal os meninos saem á rua para pedir de porta em porta. Para alguns é apenas uma brincadeira. Mas nos pensamentos gaiatos este é um dia em que pode aspirar a comer guloseimas ele e os irmãos pequenos demais para saírem. No fim da manhã haverá dentro da sacola fruta, rebuçados algum dinheiro com que a mãe poderá comprar o pão de amanhã. O pai não trabalha e enquanto uns velam os seus mortos com tristeza para ele é um dia de alegria. Durante alguns dias irá ter algo doce para comer já que guloseima é coisa de rico. E nas fantasias imagina a alegria dos irmãos mais novos. E vai batendo de porta em porta, umas abrem outras não mas não desiste. Vão aparecendo outros da mesma condição, e vão olhando para a porta fechada que teima em não se abrir e não sair a mão que dará mais um punhado de rebuçados. Está quase a chegar o meio-dia e a sacola cheia. Em casa esperam por ele para ver o que trás. De saca carregada ao ombro e de ano a ano um dia ao menos é feliz. Quando crescer pensa ele irá fazer o mesmo a quem precisa. Dar o Pão por Deus a todos como que fazer memória da meninice."