sábado, dezembro 31, 2005

Um Ano que Termina...




Um Ano que termina... Muito haveria para dizer... Para reflectir... Encontros... Desencontros... Momentos... Bons... Menos bons... Uma página que vira na minha vida... Um Ano que começa...
A todos que fizeram parte da minha vida... A todos que passaram a fazer... Um excente 2006...

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Felicidade...

















Tenho um amigo, um grande, grande, grande amigo (daqueles que são indescritíveis) que está hiper mega super feliz.
Ontem de manhã telefonou-me.
“Tu nem vais acreditar! É que não vais mesmo! Passei à reserva!”
E nisto começa numa conversa (ou monólogo, já nem sei), a dizer-me montes de coisas (metade nem percebi, tal era a velocidade das palavras). Acabei por lhe dizer (quando consegui) que falávamos melhor à noite.

Chegando a hora pedi-lhe que me contasse tudo, mas devagar… (Achei que lhe ia dar uma coisinha má com tanta emoção).
Lá me disse que sempre tinha passado à reserva, que agora é que se ia sentir bem, que agora é que ia por em prática tudo o que tinha sonhado fazer…
De repente começa:
“Lembras-te quando estava no Canadá o que me aconteceu, lembras-te?”
“E quando fui para o Brasil?”
“E quando…”
“Bolas, sofri muito, só eu sei o quanto sofri, mas agora acabou!”
Lá me começou a desfiar todos os planos que tinha (uns já conhecia, há 3 meses que ouvia isto), ao mesmo tempo que ia fazendo o balanço de uma vida.
E por aí continuou, sem me dar qualquer chance de dizer fosse o que fosse.
Eu bem tentava, parecia um peixinho a abrir e a fechar a boca para dizer alguma coisa, mas sem sucesso.
Desisti. Fiquei a ouvir e a uma pergunta dele eu respondia: “hum, hum”.
Até que lhe perguntei: “ já foste comemorar?”
“Já, fui ao Central”
“Ai sim? E quantos eram?” Perguntei.
“Dez, acho eu”
Pensei para comigo: ”Ok, 10, uma rodada a cada um…bem, não há hipótese, só vou poder ouvir” e sorri para mim mesma.
Continuou naquilo, nos projectos, balanços e ás tantas diz: “ O ordenado vai diminuir um pouco, mas eu arranjo outra coisa e depois tenho ainda o PPR, e se me acontecer alguma coisa tenho ainda o seguro de vida”.
Às tantas só o oiço dizer: “ Xim Senhor, xim senhor, xim senhor”.
Naquela altura achei mesmo que lhe tinha dado mesmo uma coisinha má.
Até que ele me diz: “Acabou! Já não tenho que acatar ordens!”
Fiquei mais aliviada…estava a caricaturar.
Não pude deixar de dar uma grande gargalhada. Estava a gostar de o ouvir (mesmo sem poder opinar) tanta era a sua felicidade.
Quando consciencializou o que estava a acontecer, perguntou-me: “ Então e o que te disse o médico? Conta-me como foi o filme que foste ver.”
Sorri-lhe e disse-lhe: “ Não me parece que agora isso seja importante”.
“Está bem”, disse-me ele, “mas está tudo bem contigo?”
Dei uma gargalhada e disse-lhe: “ Podes ficar descansado, o médico diz que ainda tenho umas horitas para estar contigo.”
Sentei-me ao lado dele, abraçei-o e perguntei-lhe: “Estás feliz?”
“Estou, muito, mas o ordenado…vêm aí tempos difíceis”.
“Não faz mal”, respondi, “ para o bom e para o mau, lembras-te?” e dei-lhe um beijo.
Já várias vezes o vi muito feliz, mas ontem parecia que estava leve, livre, parecia uma criança que estava a descobrir pela primeira vez as coisas boas da vida.
Este meu amigo, grande, grande, grande, amigo é……………meu marido ;-)

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Pausa Para o Café II

Parece que alguém “levou demasiado à letra” o que ontem escrevi sobre o que é ser gajo.
Quero esclarecer aqui algumas coisas:
1- Quando escrevo algo para alguém tenho o cuidado de avisar a pessoa em questão disso mesmo.
2- Não foi o caso de ontem.
3- O texto era uma caricatura sobre uma determinada mentalidade.
4- Pode até nem ter sido bem conseguido, mas sinceramente não me preocupam as minhas incapacidades literárias neste contexto.
5- Sinceramente acho que todos nós (homens e mulheres) temos um pouco de “gajo” dentro de nós (ou como diz um amigo meu gaj@), muitas vezes nós é que não nos apercebemos disso.
6- Este espaço, apesar de ser “pertença” de alguém é público. Quem não gosta não lê ou diz isso mesmo, que não gosta.
7- Sempre tentei que as pessoas me vissem como sou e não como me idealizam.
8- Sempre tentei que não criassem expectativas sobre mim, depois a desilusão é grande.
9- Sou banal, vulgar, fútil. Sou sim Sr., isso e muitas outras coisas e não tenho qualquer problema em assumir isso. Aliás até gosto.
10-Também sou muito ignorante. Não tenho o que se chama cultura geral. Sou mais do tipo especialista, mas gosto.
11- Sempre que tenho dúvidas ou desconheço as coisas não tenho qualquer problema em dize-lo. Gosto de aprender. Se não assumir os meus desconhecimentos não aprendo.
12-Resisti muito ao convite da momentos para aqui escrever (sinto-me exposta e não gosto disso). Aceitei mas com algumas condições que acordamos entre nós.
13- Para finalizar e com a esperança de que nunca mais tenha que escrever algo deste género, costumo assumir várias identidades (no fim sou sempre eu), a saber: Tretas, Educadora, Alguém e Oceânia...

terça-feira, dezembro 27, 2005

Pausa Para o Café...

Reflexão profunda sobre o que é ser um bom “gajo”.

Gajo que é gajo:

-Usa perfume “ecológico” (cheira a cavalo).
-Fuma charutos (na grossura é que está o ganho).
-Gosta de bola (o esférico é que tem todas as virtudes)
-Vai para o café com os amigos falar de gajas (único tema da actualidade).
-Não perde tempo com reflexões e pensamentos muito profundos (ainda gasta o único neurónio que tem).
-Toma sempre a iniciativa em relação a gaja (é por isso que tem um penduricalho)
-Espera que a mulher cumpra a sua função todos os dias (assim sabe se ela “pula a cerca”).
-Não chora em nenhuma circunstância (isso é típico de gaja).
-Só lê jornais sobre bola (novamente a coisa do esférico).
-Não usa preservativo (é como se andasse sempre de gabardina).
-Tem como único trabalho aquecer o sofá (não vá ele constipar-se).
-Gosta de comprar guerrinhas (não entendo…esta é típica de gaja).
-Tem no tlm o toque do tema “Call on me” (não vá de repente faltar-lhe a imaginação).
-Só vê sites com gajas despidas (deve ser para verem bem que tipo de presente devem comprar à mulher).
-Deixa sempre a última gota no chão quando vai ao wc (despejou, encolheu).
-Gosta de demonstrar que é desprovido de sentimentos (o dono da casa tem que ser prático e objectivo).
-Deixa sempre os pelos da barba no lavatório (afinal, amanhã há mais).
-Sabe a letra toda da “canção do bandido” (é a única que conhece).
-Esquece-se sempre das datas importantes (se calhar nunca as fixou).
-Coça-se no meio da rua (não vá alguma coisa ter saído do sitio).
-Bebe sempre até cair para o lado (a vida está cara e tem que se aproveitar tudo).
-Lê o jornal (da bola) e estende o pernil em cima da mesa, enquanto a mulher faz o jantar (é para a mesa não sair do sitio).
-Passeia-se em casa com as mãos nos bolsos enquanto a mulher trabalha (para ver se estão rotos).
-Põe a gaja no seu lugar (não vá ela esquecer-se).
-Come com as mãos (para não dar trabalho à mulher).
-Só gosta de virgens (assim tem a certeza que não comprou nada em segunda mão).

Agora a última definição em homenagem aos gajos ribatejanos:

Gajo que é gajo tem no seu único neurónio uma fotografia de um boi.

Aceitam-se mais sugestões.

sábado, dezembro 24, 2005

Um Bom Natal....

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Onde Pára a Liberdade?...

Em sequência do post de ontem, recebi este texto do Ladino...
O conceito de liberdade é complexo...
Depende daquilo que cada um entende para si e de algumas definições universais.
Podemos querer e ter muita vontade de ser livres mas... tanto mais seremos quanto mais por isso fizermos.
Assim, por esta via, só seremos livres se, estivermos plenos de autonomia e
sem dependências.
As dependências só serão aceites se quisermos libertarmo-nos delas.
Existem dependências, das quais nos devemos libertar... para isso devemos elegê-las como prioridades nossas.
Ninguém é livre quando depende de outros (excepção feita aos sentimentos).
Todas as outras devemos lutar por vencê-las. Uma após outra.
Enquanto isso não for possível. devemos ter a humildade de as assumirmos, de corpo e alma inteiros... sem rodeios e falsas realidades.
Nunca esperar que "as coisas" caiam do céu. Lutar, lutar sempre por sermos livres!
A vida é cruel, dura e dá-nos surpresas desagradáveis... devemos saber contorná-las.
Depender dos outros é algo que, mais tarde ou mais cedo se virará contra nós.
Os compromissos devem ser algo que nos deve acompanhar diáriamente...
nunca os esconder com falsas realidades.
Enfrentá-los é a forma e o caminho mais correcto de os ultrapassar...
Quando assim não procedemos, perdemos, sempre, algo... mais ou menos importante.
Nunca devemos deixar e/ou contribuir, com os nossos actos, que os outros a quem devemos explicações, façam juizos, mesmo errados que sejam acerca de nós...
Para isso devemos demonstrar um postura responsável, coerente... devemos preocuparmos com aquilo que possam pensar de nós afinal vivemos em sociedade... por vezes de relacionamentos íntimos e amizades.
Estas são formas de postura que devemos de assumir para alcançar na vida a liberdade que queremos...
Se assim não procedermos, nunca seremos realmente livres!
Os desabafos e as chamadas de atenção pouco ou nada resolvem...
Muitas vezes são formas de nos enganarmos a nós próprios...
Alcançar a liberdade é o desejo de todos mas, muitos pensam
que são livres e não o são...
Nunca o serão se não mudarem o estilo de vida.
Não basta, para ser livre, o auto orgulho... o disfarçar que está tudo bem, o fazer crer que os problemas não estão à nossa porta.
Por vezes creio que ajudar, de certa forma, os outros a serem livres é o melhor caminho...... debalde por, nem sempre assim o ser.
"Se vires um homem com fome não lhe dês um peixe... ensina-o a pescar" assim o farás livre!

NÃO CONSIGO DEIXAR DE SER AMIGO DE NINGUÉM... É A MINHA LIBERDADE!

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Porque Não Posso Ser Eu?...















Porque não posso ser eu?... Eu não posso ser eu?... Eu tenho que ser aquilo que os outros querem que eu seja?... Porque é que eu não posso ser eu?... Porque é que eu não posso ser, aquilo que gosto em mim de ser?... Porque é que eu não posso ser eu?... Eu quero ser eu... Porque é que não posso ser eu?...

Vá, Digam-me Lá....

Ainda dizem que as mulheres é que são difíceis de compreender, pois cá para mim são é os sobrinhos!

Tenho um sobrinho que faz hoje 26 anos. Como é normal, telefonei-lhe, mas antes o meu mais pequeno quis falar com ele. Ao fim de um grande bocado e vendo que ele estava a “dar uma granda tanga” no primo, tirei-lhe o telefone.
Cumprimentei o meu sobrinho e diz-me ele: “ Bem, se não pões mão no puto tas f…f…f…lixada!”
Disse-lhe com o meu ar mais sério: “podes dizer…f****a”
Responde-me: “Épá, não era nada disso.”
Digo-lhe: “Ó sobrinho (sempre o tratei assim), eu entendo, afinal tu não estás a falar com uma “gaja” qualquer. Esta “gaja” é a tua tia.”
Começa a gaguejar: “ Ó tia…ó tia…”
Fiquei em pânico, nunca o homem me tinha tratado por tia.
De repente diz-me: “Ó tia, podes desligar e ligar outra vez? É que preferia começar o telefonema de novo.”
Dei uma gargalhada mas fiz o que me pediu.

Agora digam-me:

Andei com o puto ao colo; brinquei com ele nos baloiços; livrei-o várias vezes de umas “palmadinhas pedagógicas”; a primeira vez que fez férias fora dos pais, foi comigo; a primeira vez que acampou, foi comigo; o primeiro bar a que foi, foi comigo; a primeira “bezana” que apanhou, foi comigo; os primeiros preservativos que teve, fui eu que lhos comprei; sempre que está em “apertos” é comigo que vem ter.
Agora digam-me: Porque é que aquele “gajo” ficou daquela maneira por causa de uma simples palavra em calão? Vá digam-me!

terça-feira, dezembro 20, 2005

Uma canção de natal


Fui pegar gentilmente esta música à Isabel do troll-urbano que por sua vez já tinha ido ao ante et post do Jorge Morais... Obrigada aos dois...
Pogues... Uma música de Natal... que mexe... que se (re)vive...

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Hoje Tu, Amanhã Eu




















Cada vez mais o Natal me irrita. Todos os anos é a mesma coisa, quando chego à data já estou farta dela. Ele é almoços e jantares de Natal daqui e dacolá, ele é festas de Natal deste e daquele. Sinceramente, não há pachorra!
Depois ainda ouço umas coisas que agora parece que andam na moda…
Toda a gente diz o mesmo: “O Natal já não é o que era, o espírito de Natal perdeu-se com o consumismo, o Natal é quando o Homem quiser, o Natal devia ser todos os dias, etc, etc, etc.”
Estas ultimas afirmações então, são facadas para mim.
É que se tornou moda dizer isto, mas depois reverter a situação…
Nas campanhas politicas então…até “se me sobem os calores por mim acima” quando oiço/leio que “com o que viram e ouviram tiveram grandes lições de vida…”
Pergunto eu: e tiveram as lições de vida para quê!? Para as guardarem bem guardadinhas, só pode! Sim, é que tanto ganhem eleições como não, não vejo ninguém aproveitar as bem ditas “lições de vida” para fazer algo com o que aprenderam.
Porque é que, é mesmo só quando chega o Natal é que aderimos a campanhas de ajuda em beneficio de alguém? Porque não o fazemos no dia a dia?
Não é preciso ter poder económico para ajudar o próximo. Basta repararmos no vizinho da porta ao lado que está sozinho, bater-lhe à porta, fazer-lhe um pouco de companhia…
Basta termos uma sopa sempre pronta para que quando alguém nos toca à campainha a pedir algo, lha possamos oferecer.
Basta apercebermo-nos daquela família, que vive com dificuldades, que vemos todos os dias e que vive mesmo ali ao lado com crianças e procurarmos saber como poderemos atenuar de alguma forma as suas necessidades. Basta que nos preocupemos com os outros…
Não tenho a pretensão de querer mudar o mundo (não sou assim tão utópica), mas acho que temos o dever e a obrigação de olhar pelo e para o próximo. Temos o dever e a obrigação de sermos mais interventivos, de denunciarmos o que está mal e de seguirmos o exemplo do que está bem.
Temos a obrigação e o dever de não fecharmos os olhos ás verdadeiras misérias que vemos todos os dias mas que não interferimos porque alguém o fará (sempre o alguém) com a desculpa de também termos as nossas vidas.
Temos o dever e a obrigação de sermos pró-activos…
Porque não utilizarmos o nosso saber, o nosso saber fazer a favor dos outros?
Porque não se junta a comunidade, (o médico, o advogado, a cabeleireira, a esteticista, a professora, etc) sem estar à espera de uma identidade oficial, para formar grupos de auto-ajuda, disponibilizando os seus saberes em função dos outros que precisam e que por qualquer razão não podem ter?
Porque é que é sempre mais fácil culpar entidades (muitas delas a funcionar por carolice) por algo que aconteceu de pior? Não somos todos responsáveis?
Só nos lembramos de Sta Bárbara quando faz trovões…
Será que não nos lembramos que hoje são os outros amanhã podemos ser nós?
Juro, cada vez mais me irrita o Natal…

domingo, dezembro 18, 2005

Cofre....



















Apago a luz… Acendo uma vela e um incenso… Deixo-me levar pela noite e pelos seus encantos… Levanto-me e vou buscar o meu cofre… O cofre de uma vida… Abro… Um arrepio doce… Cartas e cartas… Fotos e fotos amarelecidas pelo tempo… Viajo no tempo ao toque de cada objecto… Misturo sentires e memórias… Memórias que esqueci ou não quero lembrar… Como é possível que em momentos, se vivam anos e anos que se fecharam, se trancaram… Mas consigo perceber que não foram bem vedadas as frinchas… Que por entre elas ainda saem memórias, ainda saem sentires… São em momentos de fraqueza como este, que tudo volta… Mas sei que são memórias que o tempo e o espaço não apagaram, que não se desvaneceram... Memórias de ontem... Um ontem muito antigo... Mas que o tempo não trará nunca de volta…

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Mentira...



"Certa vez a verdade e a mentira foram passear juntas. Passaram perto de um belo lago... o dia estava quente. A mentira virou-se para a verdade e disse: “Vem, vamos nadar juntas, está um dia tão bonito.” A verdade respondeu: ”Sim, vamos nadar”. Despiram-se, e a verdade saltou para a água antes da mentira... a mentira ficou fora da água, pegou as roupas da verdade e desapareceu.Desde então, a mentira anda por aí com as roupas da verdade, e a verdade é considerada mentira."
Pois é... muitas vezes torna-se dificil acreditar no que nos dizem, no que vemos e mais ainda, acreditar naquilo que os nossos olhos não vêem...Não vêem, não sentem... Verdade e mentira, tanta vez de mão dada, não se conseguindo muitas vezes distingui-las...

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Ilusão...















"Auto-ilusão é o processo de nos enganarmos a nós mesmos de modo a aceitar como verdadeiro ou válido o que é falso ou inválido. É, de um modo abreviado, uma maneira de justificarmos crenças falsas a nós mesmos."

Pois é... De vez enquando iludo-me... De vez enquando, acredito ou quero acreditar... E de seguida... Descubro a ilusão... Pura ilusão...

domingo, dezembro 11, 2005

Elogio Ao Amor

« Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro.
Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade.
Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito.
Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem.
A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice,facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.
Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor.
A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra.
A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um minuto de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.»
(Miguel Esteves Cardoso - Expresso)

Sou Como a Lua (Adversa)




















Não é por acaso que me identifico com a lua... Adversa? Sou e muito... Cecilia Meireles diz exactamente isso...

Tenho fases, como a lua.
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
Tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e que vêm,
No secreto calendário
Que um astrólogo arbitrário
Inventou para meu uso.
E roda a melancolia
Seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
Não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
O outro desapareceu...

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Vôo

Primeiro Beijo






















Recebi o teu bilhete
para ir ter ao jardim
a tua caixa de segredos
queres abri-la para mim
E tu não vais fraquejar
ninguém vai saber de nada
juro nao me vou gabar
a minha boca e sagrada
Vou estar mesmo atrás de ti
ver-te da minha carteira
sei de cor o teu cabelo
sei o shampoo a que cheira
Já não como, já não durmo
e eu caia se te minto
havera gente informada
se é amor isto que sinto
Quero o meu primeiro beijo

não quero ficar impune
e dizer-te cara a cara
muito mais e o que nos une
que aquilo que nos separa
Promete lá outro encontro

Igual ao início
foi tão fogaz que nem deu
para ver como era o fogo
que a tua boca prometeu
Pensava que a tua lingua

sabia a flor do jasmim
sabe a chicla de mentol
e eu gosto dela assim!
Quero o meu primeiro beijo
não quero ficar impune
e dizer-te cara a cara
muito mais e o que nos une
que aquilo que nos separa!

Rui Veloso & Carlos Tê

quinta-feira, dezembro 08, 2005

25 Anos Depois
























Imagine
Imagine there's no heaven

It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today...
Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace...
You may say I'm a dreamer

But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will be as one
Imagine no possessions

I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world...
You may say I'm a dreamer

But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will live as one

sábado, dezembro 03, 2005

Dois Amigos, Dois Amores, Duas Paixões
























Um sentir da Tretas...

Ainda a propósito de relacionamentos virtuais e amizade…

Tenho 2 Amigos.
Um é homem, outro mulher.
Ambos conheci num chat e com ambos aprendi a relacionar-me, a confiar.
No início, era o Eu e o Tu com conversas virtuais. O tempo passou a dar-lhes voz e novamente o tempo lhes deu um corpo.
Também com o tempo passou a existir um Nós. E sempre que existe um Nós, existe uma relação.
Com ambos já partilhei, já ri, já chorei, já me zanguei, já ironizei, já me diverti.
Com ambos construo todos os dias uma relação de aproximações e distanciamentos.
Com ambos tenho uma Amizade, um Amor, uma Paixão.
Mas, os dois são diferentes.
Por isso esta relação é também diferente.
Com um, a Amizade é operacionalizada mais através do que não dizemos (parece estranho mas é uma questão de adaptação) e com o outro muito pelo que dizemos.
Com um existe o “não des…gosto de ti” e o “ não te des…beijo”, com o outro o “gosto de ti” e o “beijo”.
Para um sou racional, para o outro sou emocional (afinal tudo depende da perspectiva deles, através daquilo que são).
Mas apesar de diferentes, posso dizer que tenho Dois Amigos, Dois Amores, Duas Paixões.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Ela

Um Texto da Tretas...
Domingo de manhã. Veste-se, sai de casa para ir beber um café e ver as montras.
Pára para ver uma. Levanta os olhos da montra e vê à sua frente um homem. Um homem, com um sorriso na cara e olhar profundo dirigido a si.
Por momentos ela volta-se para trás para ver quem seria o receptor de tão grande sorriso.
Ninguém…
Então, ela percebe que tudo aquilo era mesmo para si. Rapidamente baixa os olhos, incomodados com aquele olhar tão profundo e intimo que só os dois o entendiam.
O homem segue caminho não sem antes lhe dirigir um “boa tarde”.
Ela volta-se com um misto de medo e fascínio, reparando que também ele se voltara com o mesmo sorriso. Novamente baixa os olhos e continua. Já quase no fim da rua, ela volta-se pela última vez.
Também ele, talvez pressentindo que seria o último olhar, se volta. O mesmo sorriso, mas desta vez acrescido de um acenar de braço.
Por milésimas de segundo ela reflecte se não deveria retribuir, afinal já estavam tão distantes… Resolve faze-lo, rasga um sorriso e acena. É então que se apercebe do que poderia vir a seguir. Vira-se repentinamente e desaparece do horizonte do homem…

Nota: Isto é pura ficção. Qualquer semelhança com a realidade, é mera coincidência.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Dia Mundial da Sida